“Ela era uma criança especial. Não falava, não andava, mas nos entendia e demonstrava isso por meio de sorrisos”. O relato é de Maridiane Prezzi, de 29 anos, mãe da pequena Júlia Vitória Prezzi Gregianin, de 3 anos e 9 meses, que morreu de Covid-19, no último sábado (14), em Lages, na Serra Catarinense.
A menina era moradora de Palmitos, no Oeste de Santa Catarina, mas desde a quinta-feira (12) precisou ser transferida para o Hospital Infantil Seara do Bem, por complicações ocasionadas pelo vírus.
Júlia estava internada na UTI (Unidade de Terapia Intensiva) e em decorrência da Covid-19 desenvolveu uma pneumonia grave e não resistiu. “Ela apresentava microcefalia, paralisia cerebral, usava traqueostomia e oxigênio contínuo. Já tinha problemas de pulmões, mas se agravou quando contraiu o vírus”, disse a mãe que também testou positivo para Covid-19, mas com sintomas leves.
Segundo dados do Boletim Epidemiológico da Secretaria de Estado da Saúde de Santa Catarina, somente duas crianças com idades entre 0 e 9 anos morreram em decorrência da Covid-19 no Estado. O número de vítimas com idades entre 10 e 19 anos é de seis pessoas.
Primeiros sinais
Segundo Maridiane, os sintomas começaram nela. “Tive apenas perda de paladar e olfato, mas a Júlia estava apresentando febre alta e saturação baixa. Por isso resolvi fazer o exame e testei positivo, o resultado chegou no dia 10 de novembro e no dia seguinte já levei minha filha para o hospital de Palmitos”, contou a mãe à redação do ND+.
Maridiane não pode acompanhar a filha por estar com o vírus ativo. Quem levou a menina foi a avó, mãe de Maridiane. De acordo a mãe de Júlia, na quarta-feira ela foi transferida para Chapecó, mas os leitos de UTI pediátrica do HRO (Hospital Regional do Oeste) estavam lotados.
“Improvisaram uma UTI até que abrisse um leito, mas a situação se agravou e ela foi transferida para o hospital infantil de Lages, onde conseguiu uma vaga e permaneceu até o sábado”, relatou.
A mãe disse que foi difícil não acompanhar a filha. “Nunca abandonei ela. Era totalmente dependente de mim. Fiz o possível e o impossível para ver ela sempre bem. Mas infelizmente perdemos a luta contra esse vírus”, lamentou.
Júlia nasceu no dia 15 de fevereiro de 2017, prematura de 27 semanas e com displasia pulmonar. “Tive infecção urinária e entrei em trabalho de parto. Ela nasceu em Chapecó e mesmo com tantas dificuldades enfrentadas era uma criança feliz. Ela foi muito amada e nos deixou uma grande lição. Foi uma guerreira do início ao fim. A casa está vazia e a falta dela nunca será suprida, mas sou grata por ter a oportunidade de gerar um anjo”, disse a mãe emocionada.
Transmissão aumenta
O município de Palmitos já registrou nove mortes em decorrência da Covid-19 e conta com 69 casos ativos da doença. Ao todo, 458 casos do vírus foram confirmados na cidade.
Em atualização do Governo do Estado desta quarta-feira (18), três regiões estão no nível gravíssimo de classificação na transmissão da Covid-19. Os números no Estado estão em crescimento
O Boletim Epidemiológico da Secretaria de Estado da Saúde de Santa Catarina desta terça-feira (17) contabilizou 302.578 casos confirmados com 5.178 casos a mais em 24 horas. Já são considerados recuperados 280.044 pacientes e outros 19.164 seguem com o vírus ativo. O número de mortes chegou a 3.370, totalizando 40 a mais em 24 horas.
O número de mortes tem crescido nos últimos dias. – Foto: Reprodução Boletim Epidemiológico/SES
Na região do Grande Oeste são 24.824 casos confirmados, no Meio-Oeste e Serra Catarinense são 29.795, na região do Vale do Itajaí são 42.926, no Sul são 48.450, na Grande Florianópolis 66.328, na região Foz do Rio Itajaí 36.975 e no Planalto Norte são 45.757 casos confirmados.
O número de mortes por região está em 289 no Grande Oeste, 353 no Meio-Oeste e Serra Catarina, 413 no Vale do Itajaí, 599 no Sul, 574 na Grande Florianópolis, 523 na Foz do Rio Itajaí, 619 no Planalto Norte
FONTE:ND