O representante da Faesc explica que Santa Catarina está atravessando uma das piores crises já vistas no Estado, que não há previsão de normalização e que a falta de políticas públicas pode influenciar diretamente no bolso do consumidor:
— A inflação dos alimentos já está em 10% este ano. A classe menos favorecida já sentiu pesadamente esse custo. Porém, ainda estamos com exportação maciça de alimentos. A hora que faltarem esses alimentos, eu não tenho nenhuma dúvida que quem vai pagar a conta é o consumidor. Não há como não passar para frente o aumento dos custos. Isso inevitavelmente vai acontecer.
A situação no campo
Muitas propriedades rurais de Santa Catarina já não têm mais água, o que afeta diretamente a criação de suínos e de gados de leite. Alguns produtores conseguem arcar com as despesas de caminhões-pipa a R$ 200 a viagem, mas isso aumenta o custo de produção.
De acordo com Enori Barbieri, o setor mais danificado é o setor leiteiro, porque houve quebra na silagem no ano passado e em 2020 a situação piorou:
— Já se tem previsto mais de 40% de quebra no milho, com o que seria feito a silagem para a alimentação dos animais. A chuva é pouca e as pastagens naturais estão muito pequenas e não ajudam.
No ano de 2020 houve alta nos preços do milho, soja e um grande número de exportações para o Estado, gerando uma expectativa de alta no setor. Mas, agora, o cenário indica que Santa Catarina terá que importar milho e soja em 2021 para alimentar os animais.
— Aquilo que era uma previsão otimista, está sendo um drama para a sobrevivência das propriedades rurais, infelizmente. E não tem como dizer se amanhã vai ter água — esclarece o vice-presidente.
Políticas públicas na agropecuária
Enori Barbieri afirma que o governo não incentiva a criação de cisternas para armazenar a água da chuva e pede atenção ao setor agropecuário não apenas em períodos de crise:
— É preciso que Santa Catarina priorize esse setor, não apenas em época de crise, mas em outras épocas também, porque as crises são sistêmicas. Então é preciso que a gente planeje o futuro, tire um pouco da burocracia do meio ambiente sob a atividade rural e que permita que os agricultores tenham mais facilidade de armazenar água.
Na terça-feira (10), a Secretaria de Estado da Agricultura, da Pesca e do Desenvolvimento Rural anunciou um aporte de R$ 15 milhões para a captação, armazenagem e distribuição de água para produtores rurais em situação de vulnerabilidade social e para repasse para os municípios mais afetados. Os novos recursos são da Assembleia Legislativa do Estado de Santa Catarina (Alesc) e somam-se aos R$ 24 milhões já aplicados em 2020 no apoio ao setor produtivo para reduzir os prejuízos com a seca e com outros efeitos climáticos.
Fonte: DC